Sexta, 16 Abril 2021 16:27

Avicultura de corte pode ser rica, mas não tanto quanto aparenta para alguns

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Mesmo enfrentando inúmeros e inesperados desafios decorrentes da pandemia e dos custos e - sobretudo por isso – já não apresentando resultados econômicos tão expressivos quanto os de outros tempos, a avicultura de corte brasileira continua chamando a atenção do mercado.
 

Suas vendas externas de carne de frango se colocam – entre milhares de produtos exportados pelo País – entre os 10 primeiros da pauta cambial, gerando (resultado do exercício passado) divisas próximas de US$6 bilhões, cerca de 2,5% de tudo o que o Brasil exportou em 2020.

 

E uma vez que as principais empresas e cooperativas do setor – não por coincidência, também as principais exportadoras - obtiveram em 2020 resultados excepcionais frente ao momento econômico brasileiro, a conclusão lógica dos “estranhos ao ninho” é a de que a atividade é rica, muito rica.

 

Rica, sim. Mas não tanto quanto aparenta. Pois toda a riqueza gerada em divisas com as exportações representam não mais que 30% da produção brasileira de carne de frango. Ou seja: 70% de tudo que é produzido destina-se ao mercado interno. Portanto, não obtém os resultados financeiros do produto exportado e, mesmo assim, corresponde, neste instante, à única carne acessível a boa parte (maior parte?) dos brasileiros.

 

Pois são esses 70% da produção que estão em risco devido à inclemente elevação dos custos das matérias-primas básicas. E quem garante essa fatia não são apenas grandes empresas e cooperativas, mas também uma ampla gama de médios e pequenos empreendedores espalhados por todo o território nacional.

 

Ainda assim, os reclamos do setor quanto à inviabilidade de manutenção da produção frente aos custos estratosféricos não são ouvidos. Pois o que prevalece para a audiência externa (e, tudo indica, também para o poder público) são os resultados decorrentes dos 30% exportados (e que, independentemente dos custos, correm menor risco, pois quem importa necessita do produto e/ou dispõe de divisas para cobrir qualquer preço).

 

Dois anos atrás, o produtor de frangos adquiria, com a venda de uma tonelada de aves vivas, cerca de 4,7 toneladas de milho. No momento, com o grão sendo comercializado por valor médio inédito já superior a R$100,00/saca, o poder de compra do frango está reduzido a menos de 60% desse volume, encontrando-se limitado a pouco mais de 2,7 toneladas de milho.

 

Em 2016, quando ocorreu quebra na safra de milho e o poder de compra retrocedeu quase aos mesmos níveis ora observados, ocorreu, também, uma quebra generalizada de produtores de frango.

 

Hoje, a situação é ainda pior, pois, com a pandemia, o setor enfrenta custos antes inexistentes. Daí o risco de uma quebradeira ainda maior se a situação continuar sendo ignorada. E isso ocorrendo, o grande prejudicado será o consumidor brasileiro, que ainda tem na carne de frango um alimento acessível.

 

Fonte: AviSite